Avaliação médica: essencial antes de exercícios físicos

Com o verão, a avaliação médica antes do exercício se torna indispensável, já que muitas pessoas que nunca praticaram atividades físicas correm literalmente para as academias, praças e espaços públicos, a fim de recuperar o tempo perdido.

Segundo o médico Claudio Catharina, gestor de cardiologia da unidade coronariana do Hospital Icaraí, as pessoas precisam, primeiramente, ter em mente que atividade física é diferente de exercício físico.

Atividade física segundo o médico é qualquer atividade corporal produzida pelos músculos e que resulta no gasto de energia. Já o exercício físico é uma atividade física estruturada, repetitiva que tem como objetivo a manutenção ou melhoria do condicionamento físico ou da estética corporal ou da saúde.

“Então praticamos exercício físico e não atividades físicas e quando não fazemos exercícios ficamos sedentários. Ou seja, quando há a completa ausência de um exercício físico regular ou algo que envolva gasto energético, seja para trabalhar, para o seu transporte pessoal ou seja para o seu lazer”, explica o médico.

Cláudio exemplifica de forma hipotética uma pessoa que caminha todos os dias para o trabalho indo e voltando. Para o médico, essa pessoa está no nível 3 de padrão de exercício físico, caminhando a pé todos os dias, mais ou menos 1 a 2 km, uma vez por dia, o que já representa sim um exercício físico.

“Se o indivíduo, por exemplo, já é uma pessoa que faz caminhadas semanais de 10 a 15 km, ele já se encontra no padrão de exercício físico em torno do nível 4 e assim tem várias graduações. O padrão de exercício físico do esporte varia do nível 1 a 10, conforme a capacidade e condição clínica a qual a pessoa tem de fazer exercício”, explica o cardiologista.

Avaliação clínica é fundamental antes de se exercitar

Antes de dar início a um exercício físico regular, o médico lembra que é necessário passar primeiro por uma avaliação médica antes do exercício por qualquer médico clínico ou cardiologista que muitas vezes não precisará pedir exames complementares.

“Se esse exercício físico não for competitivo, ou seja, se o indivíduo não vai praticar um esporte regular e for apenas para ele sair do sedentarismo ou para o seu bem-estar ou saúde, basta apenas uma autodeclaração de que ele não apresenta uma série de sintomas durante o exercício”, explica o médico, lembrando que todas as academias são obrigadas a aplicar esse questionário canadense para que o aluno informe sobre dores durante os exercícios.

“Se ele responder positivo para algumas dessas perguntas (se tem dor no peito, se sente cansaço, se desmaiou), ele deverá passar por uma avaliação médica antes do exercício. Através dessa avaliação, o médico vai detectar as dificuldades. Como os níveis dos exercícios variam de 1 a 10, o indivíduo pode praticar um exercício de nível 3 com segurança”, explica o médico.

A solicitação de exames, segundo Catharina, pode variar também e vai depender da avaliação clínica do médico, como por exemplo: um simples exame físico, uma dosagem de glicose, um hemograma, um eletrocardiograma; muito raramente haverá a necessidade de uma investigação mais profunda como um teste de esforço, um ecocardiograma e outros.

“A não ser que o indivíduo tenha uma doença cardíaca estabelecida será necessário fazer outros exames”, conclui o médico.

Tenho problema no coração, posso fazer exercícios?

Se for constatado que a pessoa sedentária tenha problemas no coração ela poderá sim, segundo o cardiologista, praticar seu exercício físico. Porém, será a gravidade da doença que definirá se o exercício poderá ser feito dentro de uma academia comum ou em uma clínica de reabilitação cardíaca com a presença de um cardiologista, um fisioterapeuta, um nutricionista e outros profissionais que atendam pacientes com casos mais graves.

“Dependendo da gravidade da doença, esse exercício precisa ser monitorado por uma equipe médica multidisciplinar. E, geralmente, esse grupo de paciente envolve pessoas com arritmias complexas, que apresentam angina ao fazer esforço, principalmente após terem feito cirurgia de ponto de safena, paciente com angioplastia, pacientes com doença estrutural do coração, doença de válvula grave entre outras,” explica.

Cláudio lembra que, a princípio, qualquer pessoa pode praticar exercício físico sendo que o médico consegue adaptar o tipo de exercício para a capacidade de cada indivíduo, o que inclui o tipo e sua intensidade.

“O sedentarismo nunca é estimulado por nenhum médico a não ser em casos extremos em que o paciente esteja muito fragilizado”, conclui.

 

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