Churrasco é um prazer para grande parte dos brasileiros. E essa satisfação de preparar o ‘evento’ para familiares e amigos não é mais privilégio de quem mora apenas em casa: com o advento dos projetos de varandas gourmets em apartamentos, a combinação entre uma estrutura bem concebida com o modelo certo de churrasqueira para o ambiente, permite esse momento de descontração aos moradores. O segredo é saber especificar tudo e não deixar falta o essencial.
“Tudo depende da estrutura do apartamento. Se o imóvel já contar com uma saída de exaustor, podemos trabalhar com a churrasqueira a carvão, que é a mais tradicional e aclamada pelo sabor. Mas caso não seja possível, temos outras boas opções que se adequam às características que encontramos nas obras”, explica Bruno Moura, sócio de Lucas Blaia no escritório Blaia e Moura Arquitetos. Experientes, eles ainda adicionam a possibilidade de executar o espaço com as versões a gás, elétrica ou ecológica.
Para quem pretende ter uma churrasqueira em seu apartamento, os profissionais dão dicas de como escolher a melhor opção:
Por onde começar?
Antes de eleger a churrasqueira ideal, é preciso analisar o espaço onde será instalada, conferindo se o apartamento possui shaft, duto ou chaminé para exaustão da fumaça. Alguns imóveis já dispõem de condições para a instalação desses equipamentos, de acordo com as normas do prédio.
A diferença entre os modelos
Ao determinar o local onde será instalada, é possível definir o tipo de churrasqueira que melhor atende à demanda do local e dos moradores, sempre pensando na funcionalidade e na praticidade:
Carvão – Para quem não dispensa a preparação tradicional de um churrasco, a churrasqueira a carvão é a preferida. Neste modelo, o duto de exaustão é imprescindível, pois produz uma grande quantidade de fumaça, principalmente quando a gordura da carne cai na pedra. “A fumaça é implacável: se não indicarmos um caminho para sua saída, ela sobe e impregna o apartamento”, comenta Lucas Blaia. Na maioria dos empreendimentos novos, essa é a versão entregue pelas construtoras. O imóvel já costuma apresentar um braseiro embutido na bancada em pedra, que posteriormente receberá a churrasqueira, assim como um duto para saída da fumaça.
Alternativa a gás – Conhecida por sua praticidade e eficiência, a versão a gás produz pouco volume de fumaça e é costumeiramente utilizada em apartamentos. Para tanto, é necessária a alimentação com um ponto de gás – seja encanado ou por botijão. Caso opte pelo gás encanado, a tubulação de cobre (embutida na parede ou no piso) requer registro de segurança próprio e de fácil acesso, mas antes de tudo é necessário a autorização do condomínio para realizar a obra.
Elétrica – Em apartamentos que não possuem o duto de fumaça ou que tem um espaço mais compacto para a realização do churrasco, a elétrica é uma ótima alternativa, pois não possui combustão e gera menos fumaça, sendo necessário apenas uma tomada 220V para ser ligada. O maior problema, entretanto, é o seu consumo de energia, chegando a 90.000 kw/mês.
Ecológica – Um modelo que chegou há pouco tempo no mercado são as ecológicas. Assim como no braseiro, o carvão fica nas laterais da churrasqueira. Para não respingar a gordura da carne no carvão e gerar uma grande quantidade de fumaça, entre o carvão é colocada uma bandeja com água debaixo da grelha. “Em apartamentos que não possuem o duto, indicamos esse modelo, pois a fumaça gerada é somente aquela queima do carvão e o cliente ainda degusta a carne como se fosse grelhada no carvão”, relata Lucas Blaia.
Revestimentos bem-vindos
Pensar no ambiente em volta da churrasqueira também é importante. Em linhas gerais, o ideal é sempre prover uma bancada para apoiar os utensílios e as carnes, além de um ponto de água com uma pequena pia para fazer a lavagem dos itens. “Esse cuidado evita que o morador precise se deslocar até a cozinha, eliminando respingos no chão”, detalha o arquiteto Bruno Moura. Na parte de revestimento do espaço da churrasqueira, é preciso seguir algumas normas técnicas. Na área do braseiro, é imprescindível a colocação de tijolos refratários por conta do alto calor. Nas varandas integradas com a sala de estar, por exemplo, pode-se considerar a instalação de vidros resistentes à altas temperaturas.
A inclusão de armários com gaveteiros deve ser considerada, pois na própria varanda o morador pode guardar todos os apetrechos que acompanham a execução do churrasco. Para quem preferir, a inclusão de uma adega ou frigobar deixa os momentos mais convidativos.
No piso, os arquitetos recomendam a instalação de um revestimento de fácil limpeza e manutenção, como o porcelanato.
Cuidado com duto e chaminé
O duto pode variar conforme o tamanho da coifa e é executado com material resistente ao calor elevado, como aço inox, galvanizado ou mesmo a alvenaria. Já a chaminé precisa de, no mínimo, 2 m para obter uma exaustão natural. No caso de uma exaustão forçada por um aparelho elétrico, a altura sugerida é a partir de 30 cm.
Erros que devem ser evitados
O erro mais comum ao projetar um espaço com churrasqueira é não pensar na funcionalidade e na praticidade do dia a dia. É preciso analisar como será o uso do ambiente – esporádico ou constante. “Não se atentar a estrutura disponível no apartamento é um desacerto. Aqui no escritório trabalhamos a equação sonho dos moradores x estrutura da varanda para realizar um projeto que atenda toda expectativa que nos foi compartilhada”, ressalta Lucas, que ainda evidencia a relevância de especificar os melhores materiais. “A varanda com churrasqueira não pode se tornar uma dor de cabeça. Eventos assim resultam em um ambiente que precisa ser limpo logo na sequência. Por isso, materiais com fácil aderência de gordura devem ser evitados”, finaliza.