Um estudo divulgado este ano pela conceituada revista científica Lancet, assustou a população mundial informando que a diabetes atingirá o dobro de pessoas no planeta nos próximos 30 anos.
Isso significa uma projeção de 1,3 bilhão de pacientes com diabetes em 2050.
Para ajudar a esclarecer a dúvida, a médica endocrinologista Tassiane Alvarenga revela o que é verdadeiro e o que é lenda sobre o assunto, e oferece dicas para quem suspeita que pode estar desenvolvendo essa condição.
Diabetes tem causa genética?
Verdade. Já se sabe que há uma influência genética significativa na fisiopatologia do diabetes. Ter um parente de primeiro grau com a doença aumenta consideravelmente as chances de você ter também.
O diabetes tipo 2 tem uma maior predisposição genética que o diabetes tipo 1. “Se um dos pais tem diabetes, ocorre uma chance três vezes maior de o filho desenvolver a doença ao longo da vida. Se pai e mãe possuem esta condição, o risco aumenta em seis vezes”, afirma a médica.
Diabetes geralmente não causa sintomas?
Verdade. Em cerca de 50% dos casos, a doença fica assintomática nas suas fases iniciais e intermediárias, segundo a médica.
Comer muito doce causa diabetes?
Mito. Mais ou menos 90% dos casos de diabetes são do tipo 2, que é desencadeado por fatores conjugados, como tendência genética, ganho de peso, alimentação errada e vida sedentária.
A ingestão de doces contribui com o excesso de calorias, a verdadeira razão do ganho de peso. Ainda assim, “mesmo que o paciente não consuma muitos doces, outros alimentos como pães, arroz, massa ou qualquer item rico em carboidrato tem o potencial de estimular o ganho de peso e, por consequência, favorecer o risco de desenvolver diabetes”, pontua a endocrinologista.
Segundo ela, o consumo desses produtos em excesso aliado à tendência genética e ao sedentarismo, por exemplo, pode estimular a doença. Ou seja, o principal fator de risco para desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida é o ganho de peso.
Todo produto diet é liberado para os diabéticos?
Mito. É preciso entender a diferença entre produtos Diet e produtos Light. Os alimentos diet se destinam a grupos populacionais com necessidades específicas e significa que o produto é isento de um determinado nutriente. Na maioria dos casos, os produtos diet são livres de açúcar, mas é importante comprovar se o nutriente retirado foi mesmo o açúcar, e não gordura, sódio ou outro componente.
O produto pode, ainda assim, apresentar calorias, tornando seu consumo sujeito a restrições para diabéticos. Além disso, os produtos dietéticos sem adição de açúcar podem conter outras formas de carboidratos que também interferem na glicemia, como frutose, lactose, amido ou maltodextrina. “O mais importante é usar com moderação e ficar sempre de olho na quantidade de carboidratos contida no produto”, recomenda a endocrinologista.
Por sua vez, os alimentos light são direcionados a pessoas que buscam uma alimentação mais saudável. Eles apresentam redução mínima de 25% em determinado nutriente ou calorias, quando comparado ao produto convencional. “A redução de calorias pode vir da diminuição no teor de qualquer nutriente (carboidrato, gordura, proteína), mas não quer dizer que seja sem açúcar”, alerta Dra. Tassiane.
Tenho diabetes, vou ter problemas nos rins, olho e coração?
Mito. “O bom controle da glicemia é capaz de evitar todas as complicações”, garante a médica.
Estresse pode subir a glicose no diabético?
Verdade. De acordo com médica, o estresse pode levar ao descontrole glicêmico (açúcar alto no sangue) por vários motivos. A primeira razão tem causa hormonal: o estresse crônico aumenta o nível do hormônio cortisol, que ocasiona, dentre outras coisas, o aumento da gordura abdominal, que, por sua vez, aumenta o risco de diabetes.
A segunda razão, se revela justamente por meio do comportamento: “O estresse aumenta a fome, a gula e a ansiedade, o que faz o paciente ir em busca de alimentos ricos em calorias, como bolo, pizza, chocolate e massas, entre outros”, explica Tassiane.
Quem deve investigar se pode estar com diabetes?
– Toda pessoa acima de 45 anos;
– Pacientes com menos de 45 anos que apresentem sobrepeso (IMC > 25 Kg/m2);
– Pessoas sedentárias;
– Quem tem histórico familiar de diabetes tipo 2;
– Pacientes HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica), ou seja, pessoas com pressão alta;
– Pessoas com DLP (Dislipidemia): colesterol e triglicerídeos;
– Indivíduos com acantose nigricans, aquela mancha escurecida e aveludada no pescoço, virilha e axilas. Ela é um sinal de que o pâncreas está sobrecarregado;
– Crianças com sobrepeso e fatores de risco também devem ser investigadas.
Como faz para diagnosticar o diabetes?
• Teste de glicemia em jejum;
• Teste oral de tolerância a glicose (1 copo com 75g de glicose): medir a glicemia 2 horas depois;
• Hemoglobina glicada: exame que fornece a média da glicemia dos últimos 3 meses e se torna um excelente parâmetro para avaliar se o diabetes se encontra ou não bem controlado;
• Teste DXT acima de 200, com muita ingestão de água, urinando em excesso, fome e perda de peso
A pacientes que usam medicação, a médica pede atenção: “O ideal é usar um remédio que controle o açúcar, mas que também ajude o paciente a emagrecer”, diz ela, ao pontuar que a obesidade é um dos grandes fatores fortalecedores da doença”.
Para ela, a medicação deve, ainda, ajudar na diminuição da circunferência abdominal (barriga), no controle da pressão arterial e dos níveis de colesterol e triglicerídeos, além de diminuir a chance de infarto e AVC, a principal causa de morte no Brasil e no mundo.
Pilares fundamentais para o tratamento de diabéticos:
1) Alimentação saudável
2) Atividade física
3) Medicação correta
4) Parceria médico-paciente visando um controle da saúde global
5) Equilíbrio entre estresse e felicidade