Instituto Penido Burnier recebe prêmio internacional por atuação social

O Instituto Penido Burnier, primeiro hospital oftalmológico da América Latina, fundado em 1920, acaba de conquistar reconhecimento internacional.

A instituição recebeu a Medalha Benjamin F. Boyd, concedida pela Associação Pan-Americana de Oftalmologia, em cerimônia realizada na abertura do 36º Congresso Pan-Americano de Oftalmologia, em Bogotá, na Colômbia.

O prêmio reconhece o impacto social do Instituto, que realiza atendimentos gratuitos, oferece tratamentos oftalmológicos e distribui óculos em ações de prevenção à deficiência visual. O reconhecimento fortalece, ainda, os laços internacionais da instituição, permitindo acesso às tecnologias e inovações mais avançadas no cuidado com a visão.

A falta de óculos é a principal causa de deficiência visual no mundo

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ausência de correção visual, especialmente por falta de óculos, é hoje a maior causa de deficiência visual no mundo.

Uma pesquisa recente publicada na revista científica The Lancet alerta que, entre 2010 e 2020, o acesso global aos óculos cresceu apenas 6%, apesar do aumento expressivo de casos de miopia entre crianças e da presbiopia (vista cansada) a partir dos 40 anos.

No Brasil, esse crescimento foi um pouco superior — 10,8% entre homens e 11,4% entre mulheres —, mas ainda insuficiente para atingir a meta da OMS de 100% de correção visual até 2030.

Expansão da assistência oftalmológica no Brasil

De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, diretor-executivo do Instituto, desde 1965 a Fundação José Penido Burnier (FJPB) promove atendimento oftalmológico gratuito, oferecendo consultas, tratamentos clínicos e cirurgias por meio do SUS.

A fundação também atua na formação de especialistas, por meio de programas de residência, pós-residência e fellowship, sempre incentivando a pesquisa e a inovação. Além disso, mantém um programa de intercâmbio com a Universidade de McGill, no Canadá, e uma biblioteca com obras raras e acervos exclusivos, não disponíveis no meio digital.

Óculos fazem a diferença no aprendizado infantil

Uma pesquisa inédita, conduzida pela FJPB em parceria com a Essilor, Transitions e a Secretaria de Educação, avaliou os impactos do uso de óculos no desempenho escolar de 36 mil alunos da rede pública municipal.

Os resultados comprovam que a correção visual vai muito além da saúde ocular, trazendo ganhos significativos no desenvolvimento cognitivo e no comportamento das crianças.

Na percepção dos professores:

50% perceberam melhora no rendimento escolar;
51,1% relataram que os alunos passaram a realizar atividades que antes não conseguiam;
57% observaram mais concentração;
49% notaram que os estudantes começaram a finalizar tarefas;
36,2% identificaram redução na agitação.

Na percepção dos pais:

88% notaram mais interesse pelos estudos e melhor concentração;
100% relataram que os filhos pararam de sentir dor de cabeça após esforço visual;
68% disseram que os filhos se adaptaram bem ao uso dos óculos;
91% observaram que as crianças passaram a fazer tarefas que antes não conseguiam.

Sinais de alerta: quando levar a criança ao oftalmologista?

O especialista reforça que os sinais de problemas de visão variam conforme a faixa etária da criança. Veja os principais:

Até 2 anos
Pouco interesse pelo ambiente;
Lacrimejamento constante;
Sensibilidade à luz (fotofobia);
Alteração na cor da pupila.

De 3 a 6 anos
Desvio ocular (olhos voltados para dentro ou para fora);
Quedas frequentes;
Apertar os olhos para enxergar;
Aproximar muito o rosto da TV, livros ou cadernos;
Coçar os olhos com frequência.

Dos 6 aos 7 anos
Dificuldade para enxergar a lousa;
Aproximação excessiva do caderno, celular ou TV;
Queda no rendimento escolar;
Desinteresse pelos estudos.

Cuidados com as telas e prevenção da miopia

Outro alerta importante é o uso excessivo de telas. Queiroz Neto recomenda ensinar as crianças a piscar conscientemente durante o uso de dispositivos e seguir a regra do 20-20-20: a cada 20 minutos, fazer uma pausa de 20 segundos olhando para um ponto a 6 metros de distância.

Além disso, até os 8 anos, as crianças não devem permanecer mais de duas horas seguidas em frente às telas. Esse cuidado é fundamental para evitar o desenvolvimento da miopia acomodativa, que pode se tornar permanente, especialmente quando há pouca exposição à luz natural.

O desenvolvimento visual só se completa aos 8 anos de idade, por isso, a atenção dos pais e responsáveis deve ser redobrada durante a infância.

 

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