A decisão do prefeito de Campinas de voltar a impor medidas mais restritivas para bares e restaurantes a partir desta segunda-feira, dia 21, com fechamento às 19h, causou indignação no setor. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) de Campinas e Região, 52% do faturamento do setor vem do movimento noturno e 30% das casas (hamburguerias, pizzarias, lanchonetes e bares, por exemplo) abrem para atendimento após as 18h.
Para a Abrasel de Campinas e Região, atribuir as consequências da crise aos setores econômicos, que trabalham com protocolos de prevenção e distanciamento rígidos, é tirar a responsabilidade da gestão pública. Um levantamento feito pela entidade nesta sexta-feira aponta o fechamento de 25 leitos de UTIs – 15 do Sistema Único de Saúde municipal e outros dez do Sistema Único de Saúde estadual – desde o dia 7 de abril, pico de internações no auge da segunda onda -, contribuiu para o agravamento da falta de vagas na cidade. “Se estes leitos estivessem ativos, Campinas não estaria no limite, assim como as outras cidades da região”, explica Matheus Mason, presidente regional da entidade.
“Este agravamento na falta de leitos é resultado direto das decisões do executivo, especialmente no tocante a desativação de leitos”, afirma o presidente da Abrasel Campinas e Região. “Os 16 meses de pandemia deveriam servir para o aperfeiçoamento das medidas e ações. Infelizmente, não é isso que estamos vendo, o que deixa o setor perplexo e indignado”, disse Mason.
Para a entidade, punir setores produtivos tem sido a saída mais fácil dos governantes, quando deveriam ter maior rigor na fiscalização e punição de eventos clandestinos e com aglomerações. A maioria dos estabelecimentos do setor que segue as normas de capacidade e distanciamento está pagando a conta pelos excessos.
Com o limite de horário dos salões às 19h, o setor, que começava a respirar, volta à estaca zero na visão da Abrasel Campinas e Região. Primeiro, que uma medida como a anunciada nesta sexta para entrar em vigor no sábado, provoca enormes prejuízos com perdas de produtos perecíveis comprados para o final de semana. “Os estoques já haviam sido feitos para o final de semana e não tem como um restaurante ou bar que funciona a noite guardá-los por muitos dias”, explica Mason.
Outro prejuízo calculado pela entidade está ligado ao atendimento de salão. “Funcionar apenas no almoço, com 40% da capacidade, representa a volta de faturamento de apenas 20%, o que significa mais um passo para a morte de um setor todo, um dos maiores empregadores”, afirma Mason, lembrando que 52% do faturamento das casas vem do horário noturno, e muitas delas ainda estão despreparadas para as vendas por delivery.
A Abrasel está analisando as medidas anunciadas hoje para tomar as medidas judiciais cabíveis.
Campanha
A Abrasel em Campinas e Região entende que existem estabelecimentos abrindo sem as medidas preventivas, prejudicando o setor como um todo. Por isso, na próxima semana a entidade deflagra uma campanha publicitária para pedir a proprietários de bares, restaurantes e população respeitem os protocolos de segurança, para que a pandemia seja controlada.