Com a adoção de mais restrições, muitas pessoas passaram a trabalhar em sistema home office, evitando sair de casa. Além do sedentarismo e dos maus hábitos alimentares, trabalhar o dia todo sentado, sem movimentar as pernas, pode predispor o aparecimento de doenças vasculares.
Por esse motivo, as meias de compressão podem ser grandes aliadas, na medida em que melhoram o retorno venoso e ajudam a prevenir problemas de circulação nas pernas, como as varizes e trombose. “Além de pacientes que já têm problemas de circulação ou varizes, essas meias são recomendadas preventivamente para pessoas que permanecem muito tempo em pé ou sentadas, na mesma posição, e querem prevenir as varizes e suas complicações, principalmente se tiver algum histórico familiar de aparecimento desses problemas. O período prolongado sem se movimentar prejudica a circulação do sangue e propicia a formação de veias dilatadas e doentes”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
A médica explica que essa dilatação da veia é causada pelo sangue que se acumula no vaso, por conta de uma disfunção da válvula que altera a circulação sanguínea. Com isso, o sangue tem dificuldade de retornar ao coração como deveria. “As meias de compressão surgiram como uma forma de corrigir esse problema, já que elas comprimem os vasos. Usá-las preserva não só a circulação, como também gera sensação de bem-estar, já que evita que ao fim do dia a pessoa tenha sensação de peso nas pernas. Há meias específicas que podem ser usadas inclusive durante os exercícios físicos, mas todas só devem ser utilizadas com orientação médica”, afirma.
Isso acontece porque, segundo a médica, nem todas são iguais. “Existem meias de compressão suave, que são usadas para prevenir problemas como varizes e vasinhos; as meias de compressão média são prescritas para quem já tem varizes; por fim, meias de alta compressão são para pacientes que tiveram trombose venosa ou problemas linfáticos mais graves. Além disso, há uma diferença também em relação ao tamanho, por exemplo: o comprimento de 3/4 é de dois dedos abaixo do joelho, enquanto a 7/8 vai até o meio da coxa e o estilo meia-calça vai dos pés ao umbigo”. Como cada caso tem a sua indicação, a consulta com o médico é fundamental. “Usar meias elásticas sem orientação médica pode piorar a situação. A meia não deve deixar a perna marcada: esse é um importante sinal de que o produto não é o ideal. A meia deve ser mais justa na parte de baixo, na região do tornozelo, e mais confortável na parte de cima”, diz a Dra. Aline.
Como orientação geral, a médica lembra que elas devem ser vestidas pela manhã e retiradas somente à noite, pois, deitado, o paciente tem melhor fluidez do sangue e o uso das meias é dispensável. Por fim, a médica dá algumas dicas de como colocar as meias do jeito certo: “Antes de vestir, coloque a mão dentro da meia, segure o calcanhar e inverta; coloque a meia primeiro no pé, até o calcanhar. Depois pegue a meia e leve até o tornozelo. Ajuste a meia ao calcanhar e ao pé e vista espalhando a meia pela perna”, diz a médica.
A cirurgiã vascular também sugere alguns exercícios que podem ser feitos até mesmo sentado para melhorar a circulação: “Comece com os pés no chão e, em seguida, levante os calcanhares enquanto mantém as pontas dos pés no chão, permanecendo nessa posição por alguns segundos. Depois, coloque os calcanhares no chão e levante os dedos dos pés. Segure por alguns segundos e repita o alongamento algumas vezes. Outro ótimo exercício consiste em traçar círculos com os pés por alguns segundos, mudando de direção de fora para dentro e de dentro para fora. Você também pode dobrar a perna abraçando os joelhos o mais próximo possível do peito. Permaneça assim por alguns minutos, sempre trocando de perna. Outra medida muito simples e que estimula bastante o fluxo sanguíneo é caminhar pela casa. Esses simples cuidados já estimulam a circulação e minimizam consideravelmente o risco de trombose”, explica.
Além de movimentar as pernas, existem outras medidas que podem te ajudar, como beber bastante água, evitar consumir álcool e remédios que estimulam o sono, já que, se passarmos muito tempo dormindo, não exercitaremos as nossas pernas. “A atenção deve ser redobrada por indivíduos que possuem fatores individuais que agravam os riscos de desenvolver o quadro, como obesos, tabagistas, portadores de câncer, pessoas que utilizam hormônios ou pílulas anticoncepcionais, predispostos a coagulação sanguínea, gestantes, idosos, deficientes físicos e portadores de varizes”, finaliza a médica.