Uma dor intensa, que vai e volta, começando nas costas e irradiando para o abdômen. Esse é o mais comum sintoma de que a pessoa pode ter um cálculo renal . A estimativa é que um em cada dez brasileiros sofra do problema, que se torna 30% mais comum no verão, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Conforme a gravidade do quadro do paciente, uma cirurgia pode ser necessária para a remoção das pedras formadas pelo acúmulo de cálcio, ácido úrico, oxalato ou cistina dentro dos rins ou dos canais urinários.
De acordo com Fábio Sepúlveda, membro do departamento de Endourologia e Calculose da SBU, os cálculos renais são mais frequentes em homens e na faixa dos 20 aos 35 anos. Em uma campanha realizada em janeiro de 2021, a SBU destacou que 20% dos pacientes podem ter reincidência, índice que pode ser reduzido com a adoção de medidas preventivas.
Mas o que causa pedras nos rins?
Existem quatro tipos de cálculos renais: os de cálcio, mais comuns; os de cistina, que afetam pessoas com cistinúria, uma doença renal crônica; os de estruvita, que são os que mais crescem, podendo bloquear o local onde estiver alojado e os cálculos de ácido úrico, mais comuns em pacientes do sexo masculino.
O Ministério da Saúde elenca entre as causas mais frequentes da formação de pedras nos rins a predisposição genética; o volume insuficiente de urina ou urina supersaturada de sais; o sedentarismo; a obesidade; a baixa ingestão de líquidos; as alterações anatômicas; a imobilização prolongada; o clima quente e a exposição ao calor ou ao ar condicionado.
Condições prévias como resistência à insulina; hiperparatireodismo – transtorno hormonal relacionado ao metabolismo do cálcio – ou as doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn, também são fatores de risco para cálculos renais. A Sociedade Brasileira de Nefrologia acrescenta que a alimentação inadequada com consumo excessivo de proteínas e de sal também favorece o aparecimento das pedras.
Sintomas além da dor
Quando se fala em pedras nos rins, imediatamente associa-se à dor intensa. No entanto, o Ministério da Saúde ressalta que, em poucos casos, não há sintomas ou há pouca dor durante a passagem da pedra pelo canal que leva a urina do rim para a bexiga.
Portanto, no momento do diagnóstico da doença também são avaliados outros sinais, como náuseas e vômitos; suspensão ou diminuição do fluxo urinário; necessidade de urinar com mais frequência; infecções urinárias; ardência ao urinar e febre. Se a pessoa perceber que há sangue na urina, deve procurar atendimento médico imediatamente.
Como diagnosticar e tratar os cálculos renais
As diretrizes da Sociedade Brasileira de Nefrologia orientam que, diante dos sintomas, o médico pode solicitar a ultrassonografia de abdômen total, exames de sangue e de urina, que também fornecem indicadores para o diagnóstico de pedras nos rins ou para determinar as medidas preventivas necessárias ao paciente.
O tratamento clínico é feito com uso de analgésicos, respeitando a prescrição médica e com o aumento na ingestão de água, para forçar a eliminação espontânea das pedras.
Se o cálculo for grande ou estiver obstruindo a passagem da urina, a alternativa é a intervenção cirúrgica. Existem dois procedimentos possíveis: em um, é feito um corte nas costas para remover a pedra. No outro, o médico insere um cateter na uretra do paciente até chegar à pedra, que é implodida. Desta forma, com o tamanho reduzido, os cálculos serão eliminados naturalmente.
Beber água é método de prevenção
A Sociedade Brasileira de Urologia reforça que melhorar os hábitos e a qualidade de vida atua diretamente para evitar o aparecimento ou novo episódio de pedras nos rins. A prioridade é beber água, geralmente, pelo menos dois litros por dia. A quantidade é orientada pelo médico de acordo com a realidade do paciente. Sucos de frutas cítricas são opções que protegem o corpo.
Em contrapartida, a SBU ressalta que não são indicados café; chás; bebidas alcóolicas; refrigerantes, sobretudo à base de cola. O consumo frequente destes líquidos pode levar à formação de cálculos.
A atenção ao consumo de cálcio é importante, especialmente se a substância for a principal formadora do cálculo no paciente. Deve-se evitar o uso indiscriminado de medicamentos e de vitaminas C e D, que são fatores de risco para o surgimento das pedras.
As orientações incluem ainda diminuir o consumo de sal de proteína animal, especialmente as de carnes não brancas, miúdos e mariscos. Contra o sedentarismo e o sobrepeso, a recomendação é praticar uma atividade física, que traz benefícios para vários aspectos da saúde.