Calor e baixa umidade podem agravar o olho seco

A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia indica que até 17 de novembro continua predominando no Brasil a onda de calor que chegou ao país, e a estimativa da Organização Mundial de Meteorologia é de que este ciclo climático se estenda até abril.

Os meteorologistas também afirmam que, em 2024, a temperatura vai ser ainda mais elevada.

O INMET também prevê, para esta semana, que diversas partes do Brasil devem entrar estado de alerta. Isso porque a umidade do ar deve variar de 12 a 20%, e a temperatura vai permanecer 5ºC acima da média, indicando alto risco para a saúde.

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, olhos, pele e sistema cardiovascular são os mais afetados pelo calor intenso. Nos olhos, o principal efeito do calor é a síndrome do olho seco que afeta 24% dos brasileiros.

A síndrome, explica, é uma alteração na quantidade ou qualidade da lágrima que tem a função de lubrificar, oxigenar, alimentar e proteger a superfície dos olhos das agressões externas.

Sintomas e tipos de olho seco

Queiroz Neto afirma que a lágrima é composta por três camadas: aquosa, lipídica e de mucina. Os sintomas do olho seco são visão embaçada, sensação de areia nos olhos, ardência, vermelhidão e fotofobia, mas a síndrome pode ser assintomática em 11% dos casos.

O médico explica que o hábito de beber pouca água pode causar uma pequena deficiência na produção da camada aquosa da lágrima. Por ser a mais espessa, a redução pequena passa despercebida, mas como corresponde a 98% do filme lacrimal, pode causar grave desconforto.

As principais causas dessa deficiência são menopausa, andropausa, doenças autoimunes, uso de antidepressivos, anti-hipertensivos e antialérgicos.

Leôncio conta o caso de um paciente, que já tinha instilado vários tipos de colírio lubrificante nos olhos que continuaram fisgando. Tratado com um implante de plugue biodegradável no canal lacrimal para diminuir a drenagem da lágrima e a necessidade de instilar colírio, teve o problema resolvido.

O olho seco também pode ser do tipo evaporativo, que responde por 70% dos casos, e é causado pela obstrução das glândulas de Meibômio, que ficam localizadas na borda das pálpebras e produzem a camada lipídica da lágrima.

O risco das telas e outros fatores

O oftalmologista afirma que hoje o principal fator de risco do olho seco é o uso diário das telas por muitas horas. Isso porque, normalmente, piscamos cerca de vinte vezes por minuto e, na frente do monitor, de seis a sete vezes. Esta redução faz a lágrima evaporar mais rápido. O problema atinge todas as idades.

Outros fatores de risco do olho seco são o baixo consumo de alimentos ricos em ômega3 – castanhas, nozes, sardinha, salmão e bacalhau, uso incorreto de lente de contato, diabetes, cicatrizes na córnea, ceratocone e blefarite.

Tratamentos

Queiroz Neto afirma que o olho seco pode ser tratado com colírios lubrificantes, implante de plugue lacrimal e aplicações de luz pulsada que estimulam a produção da camada lipídica da lágrima e apresentam alívio ao desconforto dos olhos desde a primeira aplicação, liberando o paciente do uso de colírios lubrificantes.

Prevenção

Queiroz Neto faz sete recomendações para que se mantenha os olhos lubrificados:

– Diante das telas, pisque voluntariamente
– Descanse os olhos focando por 20 segundos, a cada 20 minutos, para um ponto distante de seis metros.
– Posicione o computador abaixo da linha dos olhos para manter a superfície ocular mais lubrificada.
– Desligue os equipamentos uma hora antes de ir dormir para ter uma boa noite de sono.
– Limpe a borda das pálpebras com cotonete embebido em xampu neutro para evitar a obstrução das glândulas e a blefarite.
– Beba água. Hidratação nunca é demais. Protege os olhos, a pele e os rins.
– Inclua ômega na dieta. As melhores fontes são: abacate, castanhas e peixes gordos como a sardinha, salmão e bacalhau.