Entenda o que é demência frontotemporal

O jornalista Maurício Kubrusly, de 77 anos, foi diagnosticado há alguns anos com demência frontotemporal (DFT). A doença, desconhecida por boa parte da população,  afeta normalmente indivíduos entre 45 e 60 anos e é causada por diversos fatores, como genéticos.

De acordo com o pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, a genética e alterações cerebrais podem influenciar o desenvolvimento da doença.

“Modificações em genes importantes para o funcionamento cerebral também podem desencadeá-la, como GRN, que tem como função a codificação da progranulina, alterações nesse gene causam sintomas diferentes em membros da família e faz com que a doença surja em diferentes faixas etárias, ou o C9ORF72, que quando alterado se torna um fator de alerta para o surgimento de demência frontotemporal e outras condições, como o ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica”, afirma.

O distúrbio atinge os lobos frontais e temporais do cérebro, responsáveis, respectivamente, pela execução de ações com intencionalidade, “freios sociais” e linguagem, memória, capacidade visual e auditiva.

Para entender mais sobre a doença, Dr. Fabiano respondeu as principais dúvidas:

Quais os sintomas da demência frontotemporal?

Os principais sintomas da demência frontotemporal variam de acordo com as áreas do cérebro afetadas. Na fase inicial, podem incluir alterações comportamentais, como impulsividade, desinibição, apatia ou perda de empatia. Dificuldades de linguagem também são comuns, manifestando-se como problemas de compreensão, produção verbal e nomeação, mudanças emocionais, como oscilações de humor e falta de autocontrole, podem ser evidentes.

À medida que a doença progride, a deterioração cognitiva torna-se mais perceptível, afetando a memória e o pensamento abstrato.

Quais as causas da demência frontotemporal?

A demência frontotemporal tem causas multifatoriais, indo desde causas biológicas, ambientais, como consumo de álcool, à genética, em geral estão relacionados a perda de neurônios ou quantidades anormais e pelo acúmulo anormal da proteína Tau, substância que tem como função estabilizar os microtúbulos pela agregação de tubulina, o excesso dela está ligado a diversas doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.

O histórico familiar também influencia o transtorno, estima-se que cerca de 10 a 30% dos casos derivam de causas genéticas.

Como funciona o diagnóstico da demência?

O diagnóstico da doença é baseado na avaliação médica e exames físicos, como exame neurológico ou teste de estado mental, a Tomografia por emissão de pósitrons (PET) com deoxiglicose marcada com flúor-18 (18F) (fluorodesoxiglicose, ou FDG) também pode ser usada para identificar a demência através da análise das regiões anteriores nos lobos frontais, córtex temporal anterior e córtex cingulado anterior.

Qual o tratamento?

O tratamento da demência frontotemporal é complexo, não há cura definitiva, mas terapias farmacológicas podem ajudar a gerenciar sintomas comportamentais e emocionais, embora com resultados variáveis.

Terapias não farmacológicas, como terapia ocupacional e psicoterapia, podem auxiliar na adaptação a mudanças na vida diária. Uma abordagem multidisciplinar, com envolvimento de médicos, neuropsicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais, é essencial para o tratamento eficaz.

 

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