Pandemia afeta diagnósticos de câncer de colo do útero

A pandemia de Covid-19 fez com que o brasileiro se afastasse das consultas de rotina. Segundo dados das Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgias Oncológicas, 50 mil pessoas deixaram de fazer exames de diagnóstico de câncer em 2020, por exemplo. A mesma queda foi observada no exame de papanicolau, utilizado para o rastreamento do câncer de colo do útero, a quarta causa de morte entre as mulheres brasileiras.

“O volume de exames de papanicolau caiu bastante durante a pandemia. O exame é preventivo e pode acusar lesões de baixa gravidade que, se tratadas, não se desenvolvem para um câncer de colo do útero”, explica a ginecologista Denise de Moraes Theodosio.

Como qualquer tipo de tumor maligno, esse também se origina da multiplicação desordenada de células anormais, que efetivamente formam a lesão e podem ganhar a circulação, atingindo outros órgãos e tecidos do corpo. No caso do câncer de colo do útero, a principal causa dessa multiplicação desordenada é o papilomavírus humano (HPV), um vírus transmitido, na grande maioria dos casos, pela relação sexual sem proteção.

Atualmente, considera-se que a maioria das mulheres será exposta a este agente durante suas vidas sexuais. No entanto, de todas as mulheres que entram em contato com o vírus, apenas uma pequena parte desenvolve as lesões relacionadas, sendo as mais frequentes as verrugas genitais, seguidas das lesões pré-câncer e o câncer invasivo.

“Em relação ao HPV, a confusão é causada pela existência de vários tipos desse vírus e nem todos levam ao câncer. Os de baixo risco causam as verrugas genitais e não se desenvolvem para um câncer. As mulheres ficam mais preocupadas com a verruga, mas esse sintoma é a que causa menos risco”, afirma a médica.

A atenção aos sintomas e uma consulta que pode ser realizada à distância são capazes de indicar a necessidade do exame de papanicolau, que também pode ser feito de maneira segura durante a pandemia, quando observados todos os protocolos. Se for uma lesão de baixo grau, após o exame, até o tratamento pode ser feito à distância, sem a necessidade de uma ida ao consultório.

“O câncer de colo do útero não mostra seus sintomas precocemente. Quando a paciente apresenta sangramento vaginal anormal ou menstrual mais prolongado que o habitual, secreção vaginal incomum, dor durante a relação sexual ou na região pélvica, a doença já pode estar instalada e provavelmente só poderá ser tratada com uma intervenção cirúrgica”, diz a médica.

A especialista aponta que esse procedimento cirúrgico é simples e não afeta as atividades normais da paciente. “Por isso, não vale a pena adiar um tratamento, mesmo com a pandemia, pois é uma doença com alto índice de cura, mas tem que ser diagnosticada antes de se tornar um câncer”, acrescenta.

Numa consulta, a paciente pode tirar todas suas dúvidas, e se for uma lesão de baixo grau, após o exame, até o tratamento pode ser feito à distância, sem a necessidade de uma ida ao consultório.

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