Mulheres, cuidado com o coração!

Atualmente, as mulheres estão cada vez mais ocupando espaço no mercado de trabalho, realizando dupla e até tripla jornada. Essa demanda tem causado estresse que, combinado  a outros fatores como hipertensão, diabetes e sedentarismo, comprometem a saúde do coração.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares em  mulheres já ultrapassam as estatísticas das doenças de câncer de mama e de útero.

O médico cardiologista Dr. Alberto Francisco Piccolotto Naccarato, explica que o coração da mulher, anatomicamente, é muito semelhante ao coração do homem, porém, os hormônios femininos endógenos (produzidos pelo próprio organismo) ou tomados por via oral ou injetáveis, podem alterar as propriedades da camada interna dos vasos sanguíneos (endotélio) predispondo a formação de trombos no seu interior.

“Quando a mulher faz uso de anticoncepcionais orais, dobram as chances dela ter uma trombose venosa profunda que, se não tratada em tempo, poderá causar uma trombo embolia pulmonar, com consequências às vezes desastrosas.  Por isso, é aconselhável que um ginecologista seja responsável pela  prescrição deste medicamento”, orienta.

Dr. Naccarato explica que a doença mais comum, tanto em homens como em mulheres, é a hipertensão arterial, seguida pela angina de peito, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico e a insuficiência cardíaca. “Durante a juventude e na vida adulta, antes do aparecimento do climatério, as mulheres são protegidas pelos hormônios femininos, vindo a apresentar essas doenças dez anos após o aparecimento das mesmas doenças em homens”, avalia.

De acordo com o médico, vale lembrar que, entre os fatores de risco para as doenças cardiovasculares, em ordem decrescente, estão a hipertensão arterial, o tabagismo, o fumante passivo, a poluição ambiental, a dieta pobre em frutas, o índice de massa corporal (IMC) elevado-obesidade, os níveis glicêmicos elevados-diabetes sacarino, a intolerância a glicose, o sedentarismo e a baixa atividade física, o consumo de sal, o uso abusivo do álcool, colesterol elevado, as dietas pobres em nozes, sementes, vegetais, grãos integrais e, finalmente, a dieta pobre em peixes e frutos do mar.

Na sociedade moderna, a mulher tem desempenhado, cada vez mais, papel de relevância na competição com os homens, assumindo postos de trabalho estressantes e com muitas horas a mais de trabalho, com o preparo da alimentação, ida ao supermercado, cuidados com os filhos e a escola, que podem despertar fenômenos de ansiedade, tensão, angústia ou mesmo depressão. Por isso, é importante que ela divida seu tempo com exercícios físicos, leituras, entretenimento, ou mesmo o auxílio de psicólogo ou psiquiatra, na tentativa de aliviar suas tensões. “Vale a pena lembrar que a oração, a fé e a espiritualidade podem colaborar para o bem-estar e alívio das tensões”, acrescenta Dr. Naccarato.

Além disso, muitas mulheres, ao se aproximarem da menopausa, apresentam sintomas do climatério com “calores”, fogachos, sudorese, irritabilidade ou insônia, que podem ser corrigidos com a reposição hormonal, a qual deve se iniciar logo após o início dos sintomas e, habitualmente, não durar mais do que um período de dez anos.

Dr. Alberto orienta ainda sobre a importância de não fumar, fazer qualquer tipo de exercício (150 minutos por semana), manter o peso ideal (IMC em torno de 25 kg/metro2), ter a pressão arterial máxima abaixo de 140 mm/Hg, o colesterol total abaixo de 190; o colesterol LDL (colesterol ruim) abaixo de 120 e ter fé, esperança e otimismo, sempre que possível curtindo a família e os amigos.


Dr. Alberto Francisco Piccolotto Naccarato é cardiologista – CRM 12.166/SP.
Membro da comissão julgadora, com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, Diretor de Memórias da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), Médico Convidado da Disciplina de Cardiologia do Departamento de Clínica Médica da UNICAMP e Médico credenciado no programa “Médicos de outras praças” da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einsten (Hospital Albert Einsten/SP).
Foi presidente da Comissão Científica do X Congresso S.B.H (2001), vice-presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (biênio 2004/2005) e presidente do XVI Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (1995).